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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A formação da sociedade brasileira por Gilberto Freyre

Em Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre destaca a sociedade brasileira como fruto da miscigenação entre índios, negros e portugueses. Essa mistura é, para Freyre, caracterizada por um processo de equilíbrio de antagonismos, onde os conflitos se harmonizam. E esse equilíbrio, que gerou o mito da “democracia racial”, só se faz possível devido a uma singularidade do português dentre os povos europeus: a adaptabilidade.

Freyre destaca a habilidade dos portugueses em triunfar sob as adversidades do clima, fato que prejudicou outros povos europeus – como os nórdicos, por exemplo – na tentativa de se estabelecer no Brasil. O português possuía uma tendência para colonização híbrida e tropical em virtude de sua etnia miscigenada e a aproximação geográfica entre Portugal e África. A experiência na Península Ibérica, povoada por árabes e germânicos, além dos próprios nativos, é um exemplo dessa capacidade colonizadora. O fato de Portugal não possuir um grande contingente populacional para ocupar o Brasil de forma rápida e, além disso, possuir outras colônias na África e na Ásia que também necessitavam ser ocupadas, somado a ausência da mulher branca na colônia, colaborou também para a miscigenação das raças, visto que a mulher índia passou a ser a formadora da população brasileira.

Além disso, Freyre confere à colonização portuguesa um aspecto democratizador, ressaltando que obteve êxito ainda pelo fato de que estes eram menos rigorosos que os espanhóis, não tinham o preconceito racial dos ingleses e eram propensos – também graças à experiência da Península Ibérica – à colonização agrária e escravocrata, que tanto prosperou no Brasil. A partir disso, Essa cultura agrária e açucareira, desenvolvida no país pela mão de obra negra formou pilar para a sociedade brasileira. A família patriarcal é o principal pilar do Brasil colônia.

Freyre destaca também a importância do negro na formação de nossa sociedade, nos aspectos econômicos e culturais. Tinham grande disposição para o trabalho e habilidade em trabalhar com ferro e com agricultura. Na cultura, podemos destacar a influência negra na culinária, na religião e no idioma.

A família patriarcal é “o vivo e absorvente órgão da formação social brasileira, que reuniu sobre a base econômica da riqueza agrícola e do trabalho escravo, uma variedade de funções sociais e econômicas”. Ao reunir nas suas dependências o trabalho, a economia e a socialização entre diferentes raças e culturas, a família patriarcal assume o papel semelhante ao do Estado. Freyre ressalta que o sadismo e a opressão com que os senhores de engenho tratavam seus escravos podem ter reflexo na característica autoritária da sociedade e da política brasileira, por se tratar de uma forte questão cultural.

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